O projeto da parlamentar tinha como objetivo implementar uma solução de engenharia eficaz e reconhecida para o controle de enchentes urbanas. Segundo Kátia, os piscinões – grandes reservatórios para armazenamento da água da chuva – são utilizados em diversas cidades do país desde os anos 1980 para prevenir inundações, sobretudo em áreas densamente povoadas. A justificativa destacava ainda que, diante do aumento dos eventos climáticos extremos, o poder público precisa agir com responsabilidade para preservar vidas e mitigar prejuízos.
Simões Filho, situada na Região Metropolitana de Salvador, registrou 276 mm de chuva nos últimos quatro dias, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O volume já representa mais de 90% do previsto para todo o mês de maio, que era de 300 mm. Apesar do esforço da gestão municipal, comandada pelo prefeito Del, com ações emergenciais de limpeza de canais, apoio a famílias atingidas e mobilização de equipes da Defesa Civil, o cenário atual evidencia a ausência de suporte estadual e de planejamento prévio mais robusto por parte do governo baiano.
A proposta apresentada por Kátia Oliveira deixava clara a competência do Estado para realizar esse tipo de obra. O documento mencionava inclusive o artigo 227 da Constituição do Estado da Bahia, que estabelece o direito da população aos serviços de drenagem urbana como parte do saneamento básico. Além disso, destacava que a EMBASA – empresa controlada pelo Governo do Estado – opera os serviços de saneamento na cidade, sendo, portanto, corresponsável por medidas estruturais de prevenção.
A falta de resposta do Executivo estadual tem gerado insatisfação entre os moradores, que se sentem abandonados. A ausência de atuação efetiva da oposição na cidade também tem sido alvo de críticas. Após as eleições, os vereadores oposicionistas desapareceram do debate público local, limitando-se a divulgar vídeos responsabilizando unicamente a Prefeitura pelos alagamentos, sem pressionar o governo estadual ou buscar soluções práticas.
O comportamento passivo dos parlamentares contrasta com o discurso de campanha e levanta dúvidas sobre o real compromisso com os problemas da cidade. Para muitos, a falta de cobrança firme ao governo estadual demonstra que os vereadores de oposição não estão interessados em construir soluções, mas sim em explorar momentos de crise para desgastar a gestão municipal.
Enquanto isso, os moradores de Simões Filho seguem convivendo com ruas alagadas, prejuízos materiais e insegurança, na espera por ações efetivas que previnam novas tragédias e garantam a segurança da população.